Motivo de desassossego00h30m - JN - 04.02.2009
No caso Freeport, eu passo. Depois de tantos anos de "campanhas negras"
e "campanhas brancas" (Macau, Casa Pia, Felgueiras, Gondomar, Oeiras,
Marco, SIRESP, Portucale, submarinos, e sei lá que mais), tudo é já
cinzento e parece-me civicamente exigível evitar ir a jogo. Até porque
ando pelos jornais há 40 anos e sei o que a casa gasta e que nem sempre
gasta dos fornecedores mais sérios; e observo, de fora, a política e
também vou sabendo o que a casa gasta. E porque, entre a liberdade de
expressão e o direito ao bom nome (lembram-se do filme "A escolha de
Sofia"?), escolho os dois.Mas,
no último e monocórdico "Prós e Contras" da RTP, Saldanha Sanches disse
alto e bom som que, se o Ministério Público se encontra, a nível
autárquico, "capturado" pelos poderes locais, no topo a situação é
"ainda pior". E, que eu saiba, ninguém, designadamente a PGR, contestou
essa afirmação. E isso, sim, é motivo de desassossego. Porque, assim
sendo, se a autonomia do Ministério Público e a independência da acção
penal são ficções, isto deixou de ser um país democrático e passou a
ser uma ficção de Democracia.