"Estabilidade", dizem eles
A
editora Afrontamento, a que estive ligado, nasceu sob a égide de uma
epígrafe do personalista católico Emmanuel Mounier que constitui uma
verdadeira consigna moral: "Quando a desordem se torna ordem, uma
atitude se impõe: afrontamento".Ocorreu-me essa epígrafe ouvindo
o inenarrável dr. Vitalino Canas reclamar nova maioria absoluta do PS
em nome da "estabilidade". Desemprego (9,1% este ano e 9.8% em 2010);
défice galopante (6,5% este ano e 6,7% em 2010); "nós, europeus" vendo
cada vez mais a Europa por um canudo; milhões de euros despejados em
cima da crise (e nos bolsos dos mesmos de sempre) sem resultado; leis
iníquas que apanham o peixe miúdo e deixam de fora a grande
criminalidade económico-financeira; professores, estudantes,
magistrados, polícias, enfermeiros, funcionários públicos, em pé de
guerra; dois milhões de pobres; ricos cada vez mais ricos; escândalos
sucessivos; e promessas, sempre mais promessas. Há-de haver gente
desejosa de que as coisas se mantenham "estáveis" como se encontram.
Resta saber se, para a maioria dos portugueses, se trata de
estabilidade ou de instabilidade.
JN -2009-05-05