Criminosos de fraldasPor
algum motivo, uma das coisas que recordo das tardes de catequese do
padre Janela é o "Acto de Contrição". Apesar disso, e do admirável
sucesso que por aí têm os arrependidos disto e daquilo, nunca fui dado
ao arrependimento. Nem quando, aos 4 anos de idade, destravei o
carro do pintor Túlio Vitorino, estacionado à porta de nossa casa e ele
se espatifou contra a cerca do hospital, ou quando, pouco depois,
destruí o relógio de meu pai para ver como funcionava. Talvez por ser
fraco de pulmões, doía-me bater com a mão no peito, além de que me
parecia inútil prometer "firmemente emendar-me" quando não tinha
intenção alguma de o fazer. Descubro agora, por uma notícia do "Daily
Mail", que a minha sorte foi não ter nascido inglês: "A polícia da
Grã-Bretanha investiga um menino de 3 anos por desordem e vandalismo
(…). Um relatório da Polícia da Escócia revela outro caso envolvendo um
menino de 3 anos, suspeito de vandalismo e comportamento indecente". No
que me toca, sem a atenuante do arrependimento, a história do carro e a
do relógio (mais todas as que minha mãe contava) davam as galés pela
certa.
JN - 22.09.2009