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 Se não houver crime...

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Devezas
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MensagemAssunto: Se não houver crime...   Se não houver crime... EmptySeg Abr 27, 2009 12:26 pm

... prende-se qualquer um!!!

Polícias têm de prender para cumprir números

Há esquadras onde são afixadas tabelas. Direcção Nacional diz que intenção é diminuir crime
00h21m

NUNO SILVA


Várias esquadras do país estão a impor "números-base" de detenções a
fazer até ao fim do ano. Os polícias queixam-se de que assim só
trabalham para as estatísticas. A Direcção da PSP prefere falar em
prevenção da criminalidade. "Maior
actividade operacional. Objectivo: 250 detenções". As instruções são
claras e constam num um papel afixado na 2ª Esquadra de Investigação
Criminal da PSP do Porto (Rua da Boavista). O documento, datado de
Fevereiro, estabelece as metas a cumprir nos restantes dez meses do
ano. De acordo com elementos policiais contactados pelo JN,
aquele é um dos muitos exemplos de uma realidade com cada vez mais
expressão em diversos pontos do país. E que está a ser levada bem a
sério pelos profissionais da PSP, devido ao facto de terem
interiorizado que o número de detenções também contribui para as
respectivas avaliações e consequente progressão de carreira. O
princípio está a gerar contestação no meio policial. Há quem alerte
que, num contexto destes, "a quantidade sobrepõe-se à qualidade".
"Assim, corre-se o risco de haver uma polícia mais repressiva do que
preventiva. De se valorizar mais o trabalho estatístico do que o que
deve ser feito em prol da sociedade", sublinhou um agente, que pediu o
anonimato. No caso da referida esquadra do Porto, as "missões"
são distribuídas por brigadas. Dois exemplos: a do Património
(investiga sobretudo furtos e roubos) e a da Droga estão incumbidas de
fazer, cada uma, quatro detenções por mês, ou seja, 40 no total, entre
Março e o fim do ano. O quadro "exige", também, um total de 14
detenções/mês (140 no total) às designadas brigadas de prevenção
criminal, que estão direccionadas para situações de flagrante delito, e
três detenções mensais às unidades que investigam crimes contra pessoas
e financeiros. Além disso, e segundo o que está expresso no documento a
que o JN teve acesso, são também determinadas equipas diárias e mensais
de actividade operacional. Na esquadra de S. João da Talha
(Comando de Lisboa, Divisão de Loures), a quantificação do trabalho
policial também está a servir de orientação. Foram afixados gráficos e
tabelas a dar conta das detenções consumadas ao longo de 2008 (103) e
das que já foram realizadas nos primeiros meses deste ano. São
identificados, inclusive, os crimes em causa, entre os quais se contam
falta de carta, excesso de álcool, furtos, roubos, ofensas à
autoridade, posse de arma ilegal e de estupefacientes."Os
gráficos deviam ser meros indicadores para as hierarquias, não para
gerar concorrência entre profissionais, esquadras, divisões e até
comandos", avisa fonte policial."Os fenómenos criminais têm de
ser combatidos com estratégia e não com estatísticas. Por exemplo, ao
nível do tráfico de droga, é mais importante deter um cabecilha do que
dez pequenos traficantes. Os assaltos têm aumentado, mas o que acontece
é termos polícias que deviam estar dedicados a essas áreas a deter por
falta de carta....", realçou outro agente.Contactada pelo JN, a
Direcção Nacional (DN) da PSP admite que há "objectivos", mas no bom
sentido . "No limite, o objectivo estratégico da PSP é diminuir a
criminalidade na sua área de jurisdição, logo é expectável que os
responsáveis policiais encontrem mecanismos localmente para prevenir o
aumento da criminalidade", argumentou o comissário Paulo Flor,
porta-voz da PSP. Nesse sentido, a divulgação de números nas
esquadras é entendida como "reflexo da transparência que a actividade
policial tem ao nível de comunicação interna". O mesmo responsável
desmente, por outro lado, que as detenções sejam critérios de
avaliação, uma vez que nem todos os profissionais da PSP têm tarefas
que proporcionem aquele tipo de actividade operacional.

JN - 27.04.2009
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