O povo é que sabe...00h30mComo
as aventuras de Astérix, a história podia começar assim: "Estamos no
ano 2009 depois de Cristo. Toda a Europa (Itália incluída) foi ocupada
pelos romanos, digo, pelos direitos humanos. Toda? Não! Uma aldeia de
irredutíveis juízes romanos ainda resiste ao invasor…". Com efeito, a
teoria da "coutada do macho latino" que, em tempos que (esperemos) já
lá vão, fez jurisprudência no Supremo Tribunal português foi
repristinada pelo Supremo italiano, que decidiu que, "segundo a
consciência colectiva" (o famosíssimo "povo"), os ciúmes não são
"ilícitos", pelo que um homem que, com ciúmes da mulher, a mata à
facada não deve apanhar mais de 14 anos de cadeia. Em Itália, a
pena por crime de homicídio pode ir até à prisão perpétua, excepto, a
partir de agora, se a vítima for uma mulher e o marido, ou o namorado,
tiver boas e viris razões para a esfaquear. Como o tal povo diz, entre
marido e mulher não metas a colher, e afinal os juízes administram a
justiça em seu nome… E se for a mulher a matar o marido, uma "fêmea" a
matar um "macho latino" porque ele piscou o olho a outra? Que pensará o
bom povo?
JN - 14.05.2009