Devezas Admin
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| Assunto: O perigo não é o protesto. O perigo é o protesto organizado! Seg Out 01, 2012 6:45 pm | |
| O perigo não é o protesto. O perigo é o protesto organizado! "... esta manifestação do passado dia 15, além de enorme tinha um outro e provavelmente mais impositivo mérito que garantia a simpatia da televisão, isto é, da operadora pública e das estações privadas unidas por um sentimento comum: não havia sido convocada por nenhum partido (entenda-se: pelo PCP) ou pela CGTP, constava ser filha do Facebook, o que desde logo apontava para uma não-contaminação muito recomendável. Aconteceram mesmo breves apontamentos de reportagem em que manifestantes abordados individualmente diziam da sua repugnância pelos partidos, forma mais agressiva do tal fastio perante “os partidos”, indício de pureza política que sempre cai bem nos muitos em quem foi semeada ao longo de anos a inconsciente saudade das décadas em que não havia em partidos políticos em Portugal. E para melhor se entenderem as raízes deste sentimento, não será inútil lembrar que nos dias imediatos ao 25 de Abril de 74, o senhor general Spínola, supondo-se dono da Revolução havida, só queria admitia permitir a legalização de “associações cívicas” mas não de partidos e, num segundo tempo, de partidos mas não do Partido Comunista Português.
A moral desta estória, que é parte integrante da História destes nossos dias, é que a muito generalizada hostilidade para com os partidos políticos é, para muitos dos que a praticam, estimulam e multiplicam, uma forma de implantar na cabecinha das gentes a rejeição do Partido Comunista, o único que importa neutralizar. A questão é que as classes dominantes sempre governarão (leia-se: sempre se governarão) quer através de partidos com práticas de direita, ditos “do arco do poder”, em regime de democracia formal, quer em “regime autoritário”, como agora é meigamente designado o fascismo português. Daqui decorrem consequências de diversa dimensão, e uma delas é que uma manifestação dita “sem partidos” e mesmo com afloramentos “contra os partidos” se torna bestialmente simpática a alguma gente esperta e a muita gente tonta. Também à televisão que, afastando-se de habituais práticas anteriores, se aplica nesse caso a fazer reportagens como nunca víramos em tal extensão e qualidade."
Tristão Lapurtu via Ann Mar | |
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