Pague o Norte porque dói menos

O presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo foi eleito pelo PS e acreditou que construindo um "cluster"em torno das eólicas estava a abrir uma linha estruturante para o desenvolvimento do concelho, da região e até do país.

Então, recorde-se, empenhado na exploração das energias renováveis para, entre outros desígnios, baixar a fatura energética que pagamos ao estrangeiro. Em convergência com essa política, José Mário Costa patrocinou o reforço do tecido industrial designadamente no setor da metalurgia. E porventura mais teria feito pela terra não fora o Poder Central ignorar os Estaleiros na perspetiva de uma nova vida no quadro da economia transfronteiriça e numa real interlocução política com a região autónoma da Galiza. Não foi assim que tudo se passou e, pelo contrário, foi num piscar de olhos que o novo Governo anunciou ao diligente autarca que isso das renováveis deixara de ser lema da nação. E, passado algum tempo, que a nação tinha de suportar novas despesas com a mobilidade de pessoas e bens através das scut socialistas. Agora, fica a saber que das novas 16 portagens que o Governo está a pensar instalar, nada menos de cinco situam-se à volta de Viana do Castelo e mais duas no acesso à Área Metropolitana do Porto.

Dirão alguns: bem feito, não se tivesse deixado enganar pelo Sócrates.

Pois bem, a coisa não está de modos a que a Região Norte - neste caso, em risco de levar com 14 dos 16 pórticos, os novos mealheiros da troika - se deixe enredar nessa balela da herança de Sócrates contra as promessas de Passos.

Como diz o povo, "com papas e bolos se enganam os tolos".

Por bem entender o provérbio é que, apesar de eleito pelo PSD, o experiente presidente da Câmara Municipal da Maia já se colocou ao lado de Viana do Castelo na contestação à ideia de instalar novas portagens. No seu concelho estão sediadas grandes empresas - até exportadoras, portanto trabalhando para o alfa e o ómega deste Governo - cuja pujança depende em grande parte dos custos da energia e das acessibilidades à Área Metropolitana do Porto.

A frase empregue por Bragança Fernandes diz tudo: "Começa a ser cansativo".

Estamos mesmo a ver o filme: o Governo não consegue abater nas parcerias público-privadas os milhões que estimou e tenta compensar a troika indo buscar mais receitas aos bolsos dos portugueses. Os que ainda se podem mexer.

E fá-lo no Norte por saga contra a Região?!

Fá-lo aqui por achar que aqui lhe vai doer menos nas urnas: menos eleitores e mais eleitores tradicionalistas que à volta de Lisboa.

Sim, estamos muito cansados desta forma de resolver os problemas nacionais.

via http://www.jn.pt