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 JP Morgan diz que leis em defesa de trabalhadores são "defeitos" de países periféricos

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MensagemAssunto: JP Morgan diz que leis em defesa de trabalhadores são "defeitos" de países periféricos   JP Morgan diz que leis em defesa de trabalhadores são "defeitos" de países periféricos EmptyQua Jul 10, 2013 6:42 pm

JP Morgan diz que leis em defesa de trabalhadores são "defeitos" de países periféricos 458075

O receio da emergência de governos antieuropeus e a defesa do statu quo político-empresarial, levam banco de investimento a emitir recomendações que roçam o autoritarismo. Banco diz que foi "mal interpretado pelos media"
A culpa é da Constituição e da protecção que esta dá aos trabalhadores, mas também da contestação social, potenciada pelo direito de realizarem manifestações e demais protestos contra as mudanças indesejadas que os governos na Europa tentam por estes dias implementar. É para estes "culpados" que a JP Morgan aponta num relatório de final de Maio, em que é pintado um cenário onde aparentemente, não fossem "os constrangimentos constitucionais" em países como Portugal, até estaria tudo a correr bem.

O "research" em causa - "The Euro area adjustment: about halfway there" - é polémico e surge em defesa da austeridade e do reforço do poder dos governos de cada país para reagir contra a vaga antieuropeia que pode ganhar força no Velho Mundo. Para este banco de investimento, que recebeu quase 100 mil milhões de dólares dos contribuintes norte-americanos, a crise financeira tornou "evidentes os defeitos dos sistemas políticos dos países da periferia" da Europa. E que defeitos são esses? "Executivos fracos; administrações centrais fracas em relação aos poderes regionais; protecção constitucional dos direitos laborais; sistemas de consenso que potenciam clientelismo político; e o direito a protestar contra mudanças indesejadas no statu quo político", atira o banco que aconselha normalmente dezenas de governos e empresas.

"Os defeitos deste legado político foram revelados pela crise. Os países da periferia têm sido apenas parcialmente bem sucedidos com as reforças orçamentais e económicas porque os governos estão constrangidos pela Constituição (Portugal), regiões poderosas (Espanha) e a emergência de partidos populistas (Itália e Grécia)", explica ainda o banco neste artigo. Para o JP Morgan, estes "defeitos" identificados nos países periféricos têm raiz "nas constituições, que mostram uma forte influência socialista, reflectindo a força política que os partidos de esquerda tiveram depois da queda do fascismo".

O artigo ganha ainda outros contornos quando o JP Morgan passa em revista os principais indicadores da zona euro, defendendo que há progressos em quase todos menos no que toca a estas "reformas políticas" que defende. Para a JP Morgan, os estados estão a conseguir reduzir as suas dívidas públicas e a avançar com reformas estruturais, faltando só então as reformas políticas.

Contactado pelo i, o JP Morgan esclareceu que o seu relatório "foi mal interpretado pelos media", salientando que o autor do trabalho, David Mackie, "no parágrafo citado" não "quer sugerir que há um choque entre democracia e negócios" e que, em qualquer caso, o banco "não acredita sequer que esse seja a situação. O parágrafo em questão é sobre o funcionamento da união económica e monetária (UEM)", especificam. "Há muitas formas de construir a UEM. Uma das maiores alterações estará entre a divisão do fardo por toda a região e a flexibilidade a nível nacional. Em princípio, a região [Europa] pode escolher onde situar-se entre estes pontos." Ou seja, quanto maior a integração europeia, menor flexibilidade nacional.

Voltando ao artigo, o JP Morgan salienta ainda a propósito dos "defeitos" encontrados nos periféricos que "há um reconhecimento crescente da extensão deste problema", mas só em Espanha "estão a ocorrer algumas mudanças" e o "próximo ano será palco de um enorme teste", defendendo que em Itália "o novo governo deverá avançar com uma profunda reforma política".

A vontade de reforçar os poderes dos governos começa assim a fazer escola na Europa, em parte por causa do receio de que os partidos antieuropeus comecem a ganhar eleições, o que a acontecer será por vontade dos eleitores, isto se Bruxelas e Berlim deixarem. É que convém recordar o que está a acontecer actualmente: o segundo resgate português está a ser discutido em segredo para evitar que os alemães se dirijam às urnas em Setembro próximo com vontade de castigar Merkel pelo novo resgate e pelo falhanço da austeridade que tanto defende.

Curiosamente, vem também da Alemanha a fórmula que o JP Morgan propõe indirectamente para convencer os países periféricos a avançar com as "reformas políticas" que sugere: "A nosso ver, é pouco provável que a Alemanha concorde com as obrigações europeias sem mudanças significativas nas constituições dos países periféricos."
Por Filipe Paiva Cardoso - via http://www.ionline.pt/
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