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 O que vêm os nossos olhos?

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Devezas
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MensagemAssunto: O que vêm os nossos olhos?   O que vêm os nossos olhos? EmptyQua Out 08, 2014 12:08 pm



O que vêm os nossos olhos?


O que vêm os nossos olhos? Z

Por muito horríveis que as imagens veiculadas pelo ISIS sejam, proibir as imagens é exercer um mandato repressivo que faz mais pelas ações dos terroristas do que a mostração testemunhal do horror.

Recentemente, a Direção de Informação da RTP informou os espectadores de que, em consonância com atitude semelhante por parte de um conjunto de operadores públicos de televisão europeus, deixaria de transmitir imagens das atrocidades cometidas pelo grupo terrorista ISIS (EISL).  As razões apresentadas prendem-se com o perigo de utilização dos media como caixa de ressonância propagandística das ações do grupo.

O confronto visual com a atrocidade não é uma novidade, mas o que a decisão da RTP e das suas congéneres traz é uma novidade na gestão do (in)visível e não é de todo eficaz, constituindo pelo contrário um perigo.

O direito ao olhar foi um direito conquistado pelas sociedades democráticas ao longo do último século. A acessibilidade de tecnologias visuais, como a fotografia e o cinema, fez com que estas incorporassem um mandato testemunhal que as tornou agentes fundamentais do exercício da transparência nas sociedades democráticas. Um exemplo claro da sua ação de cidadania, ainda que através da ‘mostração’ do horrível, é-nos dado através da sua utilização para a denúncia dos crimes de guerra do Nacional-Socialismo.

No dia 4 de Abril de 1945, o 3ª Exército Americano liderado pelo General Patton, ao avançar para a cidade de Gotha, na Prússia Oriental, depara-se com um aglomerado de barracões rodeados de arame farpado, e um espetáculo de atrocidade humana desolador. Em Ohrdruf, o primeiro campo libertado pelos exércitos que avançam de ocidente, alguns dos primeiros soldados a entrar no campo são fotógrafos e repórteres do U.S. Signal Corps. A dimensão, o tipo de relatos e de evidência de tortura, o grau incomensurável da morte, afinal, a consciência precoce da escala inimaginável do extermínio torna urgente a documentação da atrocidade, mas também a exigência ética de testemunhar.

Eisenhower e o comando aliado têm a consciência da necessidade de usar o capital referencial das tecnologias visuais para testemunhar, divulgar e julgar os responsáveis pelo massacre. Cria-se assim um momento que alguns chamaram de ‘jornalismo de exceção’, ou seja, quando a necessidade de desmontar a máquina de propaganda, de mostrar a barbárie, obrigaram o jornalismo a abandonar os limites  da mostração do horrível. As horríveis imagens dos campos de concentração fizeram parte de uma campanha sistemática da imprensa anglo-americana durante os meses de março a maio de 1945 para mover as consciências e ensinar os públicos. Uma campanha eficaz, que combateu a mais moderna máquina de propaganda da primeira metade do século XX justamente com os instrumentos tecnológicos e institucionais  da visualidade.

Por muito horríveis que as imagens veiculadas pelo ISIS sejam, proibir as imagens é exercer um mandato repressivo que faz mais pelas ações dos terroristas do que a mostração testemunhal do horror. A proibição das imagens assemelha os espetadores a barro moldável pela ideologia dos operadores, surgindo como ato autoritário. O espetador é um sujeito complexo e consciente. Não deve ser tomado como barro acéfalo da manipulação mediática.
ISABEL CAPELOA GIL
via http://pagina1.sapo.pt/detalhe.aspx?fid=194&did=164529&number=6047#.VDT59W3vldI.facebook
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