"Álvaro Cunhal: várias "pessoas", muitas "máscaras", um só personagem

Hoje dir-se-ão muitos disparates sobre o Homem, sobre o actor da história, sobre o político, sobre o escritor, sobre o desenhador e sobre o papel relevante que teve no Século XX.

Discussões acaloradas já estão a desenrolar-se em torno do Homem e dos olhares que outros têm sobre o mesmo.

O comentário "solto" de Mário Soares, feito pela manhã, sobre Álvaro Cunhal já desencadeou uma miríade de opiniões apaixonadas!

Zita Seabra escolheu como in memoriem a prática de desenhador de Cunhal durante as reuniões partidárias.

Muito se dirá sobre Ele, mas muito mais se construirá em torno do Mito.

O PCP se encarregará de o confirmar.

Há uns bons anos atrás, alguém próximo de Cunhal, dizia:"Ao Álvaro só lhe falta conquistar o Poder!" Este poder não era o do Partido, mas o de Portugal.

Sempre lhe pesou muito esse insucesso e era o que mais o incomodava na relação "tensa" que manteve com Mário Soares.

No XX.º Congresso do PCP, realizado no Porto, em "vésperas" das Eleições Presidenciais de 1986, Álvaro Cunhal afirmou, na tribuna do mesmo, naqueles seus discursos de três horas, e cito, repetindo a frase três vezes: (...) "em nenhuma circunstância votaremos Mário Soares!"

Todos sabemos a história posterior...

Um outro aspecto curioso, dum período da nossa história recente ainda por aclarar, passou-se durante o 25 de Novembro de 1975.

Diz-se que Cunhal foi o responsável por não ter havido uma Guerra Civil em Portugal. Isto já faz parte do Mito. O que é certo é que a 27 de Novembro de 1975, numa reunião de "quadros" do PCP, completamente destroçados e sem ânimo, Cunhal terá afirmado que " o Careca (o Almirante Rosa Coutinho) não teve coragem para fazer avançar os fuzileiros".

As duas unidades militares então com capacidade para desequilibrarem a relação de forças: os Fuzileiros de Vale de Zebro e os Comandos da Amadora. Como se sabe os Comandos de Jaime Neves avançaram - em defesa do modelo de Democracia sustentado pelos Nove (Vasco Lourenço, Melo Antunes, Vítor Alves, etc). Os fuzas, esses, ficaram-se nas covas da margem esquerda do Tejo!

A obra espantosa de José Pacheco Pereira sobre Álvaro Cunhal, em quatro enormes volumes (já saíram três) tráz este fantástico personagem à luz do dia, dando-lhe as cores do Homem e da sua circunstância!

Que Cunhal era um sobredotado? Ninguém questiona tal qualidade! Que Cunhal poderia ter sido enorme se tivesse abraçado a escrita de ficção? Ninguém duvida de tal. Que Cunhal poderia ter sido um grande pintor e um excepcional tradutor de Shakespeare? Ninguém põe em causa tal presunção.

Agora, o que, de facto, Cunhal quis ser - foi o líder do PCP, formantando-o aos tempos que lhe calhou em sorte viver. Isso ele conseguiu plenamente.

Veja-se ainda a sua dedicação sem limites à Causa da União Soviética (que durou décadas...) e veja-se, depois da implosão do Império, a aproximação que o PCP faz (rigido na estratégia, dúctil na táctica) ainda sob a sua Direcção - ao Partido Comunista da China, com quem tinha travado violentos combates ideológicos, mas que razões pragmáticas o obrigaram a "ponderar" e a "considerar".

Há quem afirme que Álvaro Cunhal queria instalar em Portugal, uma espécie de Cuba da Europa. Errado. Nunca esteve nos projectos da União Soviética desequilibrar a Aliança Atlântica. Enfraquecê-la: sim! Destrui-la: nunca!

Hoje, muito se dirá de Cunhal.

Merece-o porque atravessou o Século XX, não só como testemunha atenta e privilegiada, mas como actor de primeira grandeza - dum mundo que hoje já não existe!

Este é o drama dum Homem e duma Vida excepcionais vivida na luta por um Ideal (é o que é comum dizer-se...) que se esvaneceu, que desapareceu!

O que a História guardará dele? Não faço a mais pequena ideia.

Mas como a História é escrita pelos vencedores, desconfio muito em quantas linhas se falará do seu papel na luta antifascista e na «construção» do regime democrático pós 25 de Abril de 1974."
J. Albergaria

Foto de Eduardo Gageiro.

A história poucas vezes lembra os melhores. Quase sempre os procura esquecer... são demasiado incómodos...
Lembrar que Fernão Lopes narrou a aldrabice do Mestre d'Avis e dos seus acólitos, dá-me a esperança de que nem tudo seja esquecido... que nem tudo seja entregue à medida da medíocre "meter na gaveta" que permitiu ter poder a um abjecto exemplo da humanidade como é mário soares...
Esse sim, não merece ficar na história. No entanto ficará! Mas se houver algum "Fernão Lopes" não deixará de mostrar a obscura ambição que levou mário soares a renegar tudo quanto tinha dito.
É sabido que mário soares nunca foi mais que um "agitador" infiltrado...

Convidado

este é um dos poucos que nunca virou a casaca, hoje em dia é uma cambada de corruptos e camaleões que passam o tempo a mudar de cor e de discursos.

eu posso me gabar de um dia estar ao colo do camarada alvaro cunhal numa das festas do avante, isto para ai a 25 anos atrás.

cumps

c@noon

Fico satisfeito por saber que o cano tambem anda por aqui
Um Abraço

eu não tenho formação e sabedoria para saber o que é politica,há eu sei a tabuada toda de cor e salteada aprendi na escola no tempo que hoje lhe chamam fascismo????

Caro Amigo

Politica fazemos diáriamente nas nossas vidas. Politica não é só revermo-nos num determinado Partido.
Politica é isto que nós aqui fazemos. Partilhamos, brincamos, informamos, aprendemos, etc...
Não milito em nenhum partido politico porque não me revejo em nenhum, mas faço politica porque sou um cidadão atento ou minimamente atento ao que se passa na comunidade.

Tambem eu aprendi a tabuada no tempo do fascismo e não sinto qualquer tipo de saudade desse tempo.
Defendo e defenderei por principio os valores de Abril que são os da Liberdade, da Fraternidade e da Solideriedade. Por isso mesmo, não me irão ver colocar Post's sobre pessoas que nos amordaçaram durante décadas e décadas.

Quando coloquei o Post, de Alvaro Cunhal sabia que podia mexer com várias sensibilidades. Habituei-me a respeitar os valores deste Homem de principios e que a História de Portugal se encarregará de NÂO APAGAR.
Evidente que abordarei outros nomes igualmente importantes na nossa história. Calhou este em primeiro lugar não para discutir politica partidária porque não sou dado a isso. Apenas e tão só para lembrar um Homem de enorme importância em Portugal no Século XX.
Politico, Escritor, Pintor.

Um Abraço
Garra

silva50 escreveu:: eu não tenho formação e sabedoria para saber o que é politica,há eu sei a tabuada toda de cor e salteada aprendi na escola no tempo que hoje lhe chamam fascismo????

Silva...
Aprender não é saber...
O que é importante é compreender para onde as ideias nos levam e nos podem levar...
Nem todos somos assim ou assado...
Cada um de nós pode optar...
No tempo da "outra senhora" optar era crime...

amigo Torcato eu desde que nasci ainda não vi realmente por onde optar , como nasci no tempo da outra senhora era mau , os meus filhos nasceram após o 25 de Abril sinceramente não vejo futuro para esta juventude do tempo da liberdade que opcões teem eles, eu falo por mim tou farto do esterco que vem desde o 25 de abril de 1974 que governam Portugal.................. A .liberdade só veio para quem governa eles teem e tudo e mais alguma coisa e nós portuguêses só temos a trampa que nos dão como somos um povo de grandes costumes comemos a porcaria que nos dão e viva ao masoquismo português só somos bons é em blá blá bla . AMIGO te digo sinceramente eu nasci revoltado e hei-de morrer revoltado, por mim podem os partidos se ajuntarem e governarem Portugal já por isso Portugal é uma grande gaméla, que todos os porcos de todos os partidos se unam e que goernem o nosso Portugal tão maltratado pelo entulho que nos governam . Fico por aqui bem me apetecia de dizer mais.

Silva vê
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